A intervenção no Pavilhão Barcelona, explorou a História e as suas múltiplas narrativas e o objetivo era de criar um diálogo com o próprio espaço, levantando questões da memória e apagamentos no tempo, especialmente em relação à sua construção e sua posterior reconstrução.
Para Redondo, marcos arquitetônicos como o Pavilhão não têm apenas uma história, mas também contam uma história. São dispositivos essencialmente narrativos, que servem ao seu tempo (e à ideologia dominante) para destacar certos aspectos da história enquanto se desviam de outros.
Por isso a intervenção aqui é sutil: ela busca produzir rupturas quase invisíveis no espaço que ampliam tais apagamentos. A peça central era composta por um conjunto de displays translúcidos, concebidos em seda, e meticulosamente distribuídos ao longo dos painéis de vidro do edifício.
O artista resgatou algumas das poucas fotografias sobreviventes do edifício original que serviram de modelo para sua reconstrução, e na intervenção elas confrontaram o espectador com uma sobreposição de passado e presente. Oferecendo, assim, uma perspectiva múltipla sobre o edifício e o jardim exterior. O artista também criou um conjunto de gravuras em plywood dispostas em suportes que utilizam como base dos displays o mesmo tipo de travertino do piso do Pavilhão.
Aparecendo à primeira vista como monocromos completamente negros, essas imagens dependem do movimento do corpo do espectador (e do olhar) para se revelarem em seu contraste fugaz. Uma peça sonora instalada no jardim completou a intervenção, oferecendo um relato multifacetado sobre o trabalho do arquiteto Mies van der Rohe e sua colaboradora Lilly Reich.
Fotos: Anna Mas, Laercio Redondo