Sala Debret

3 trabalhos com dimensões variadas
Exposição Individual – Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2013

Vista geral, Sala Debret
Paisagem Impressa, 77 bancos com silkscreen sobre plywood, 231 x 363cm, 77 livros indicados por colaboradores do projeto e local do seminário Rio de Janeiro – Passado e Presente
Venda – Jogo da memória falha, silkscreen sobre plywood – ambos os lados
Fica triste se és capaz e verás, silkscreen sobre plywood, 180 x 222cm, pilha de confetes confecionados diariamente com o jornal local
Fica triste se és capaz e verás, silkscreen sobre plywood, 180 x 222cm, pilha de confetes confecionados diariamente com o jornal local

Como parte da exposição Contos sem Reiso artista se apropriou de imagens do livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768 -1848), para construir três outros trabalhos interligados em uma das salas adjacentes ao salão principal da Casa França Brasil. Reconhecido por ter sido um minucioso observador da sociedade brasileira da época e importante membro da Missão Francesa de 1816 ao lado do arquiteto Montigny, Debret aparece como um agente e testemunha privilegiado das transformações econômicas e sociais do Rio de Janeiro no início do século XIX.

Uma das obras, Paisagem Impressa, constitui-se de um arquivo ou uma biblioteca de referência que pode ser consultado pelos visitantes. São 77 bancos de madeira que tiveram a superfície de assento impressas com paisagens de Debret sobre o Rio de Janeiro. Na parte inferior de cada banco, havia um livro ou texto sobre visões da cidade, indicado por convidados do artista, de várias áreas de atuação e formação, criando assim uma nova paisagem contemporânea do Rio. Neste espaço também foi realizado um seminário multidisciplinar acerca das transformações urbanas no Rio de Janeiro de ontem (séculos XIX-XX) e hoje.

Na obra Fica triste se és capaz e verás, o artista recompõe uma cena de carnaval de Debret de 1823 e acrescenta ainda uma pilha de confetes feitos de jornal que se encontrava no canto da galeria. Esta pilha, aumentava diariamente, por conta dos confetes adicionados ao longo do período da exposição. O artista explica: “o deslocamento da notícia diária fragmentada, transformada em confete refere ao descompasso com a imagem do Rio de Janeiro, apresentada como cidade idealizada, nesse período de grandes mudanças na sua malha urbana.”

Cenas de vendedores de rua retratados por Debret são também o ponto de partida para o terceiro trabalho da série. Em Venda – jogo de memória falha, Redondo contrasta imagens do artista francês com imagens de vendedores de praia atuais, cada um dos nove painéis de madeira tem impressões de ambos os lados. Os visitantes podiam manipular os painéis, mas as duas imagens não podiam nunca ser vistas ao mesmo tempo. Posturas corporais semelhantes eram no entanto, reconhecíveis neste jogo de memória falha, sugerindo relações sociais e de desigualdade que persistem até os dias de hoje.

Em complemento às imagens de Debret com suas representações afro-brasileiras e completando a exposição, a obra Carmen Miranda – Uma Ópera da imagem foi apresentada na segunda sala adjacente ao salão principal da Casa França Brasil.


Fotos:
Sérgio Araújo